sexta-feira, 13 de abril de 2012

TÔ DENTRO DO BUSÃO. TEM BASE?

                              TÔ DENTRO DO BUSÃO. TEM BASE?

                                    Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas


                O lotação está lotado. Faz um calor incrível. Tem mais mochila e sacola aqui dentro do que passageiros.
                A cada parada as portas se abriam para entrar e sair gente e, nesse instante, passava um vento que amenizava e arejava um pouco o ambiente contaminado.
                Um cheiro insuportável percorre o coletivo de ponta a ponta. Os desodorantes que protegiam as axilas daqueles braços pendurados, certamente, estavam vencidos.
                A mulher entra com três sacolas e duas bolsas.Tenta passar pela roleta. Fica engastalhada e seu cartão não passa. Tenta uma vez, outra e, por fim, resolve pagar em dinheiro. Abre a bolsa. Tira lá de dentro uma bolsinha. Fuça. Acha umas notas e moedas. Conta e passa tudo para o trocador. Ele confere e a passageira tenta atravessar a catraca. As sacolas a impedem, mas finalmente rompe a roleta. Atrás dela se formou, nesse meio tempo, uma imensa fila.
                O coletivo segue o seu trajeto. Para num ponto e os passageiros não param de entrar. É um chega pra lá. Um esbarrão daqui, outro dali e todos vão se acomodando e amontoando ali dentro daquela “lata de sardinha”, num amassamento total.
                A viagem continua. Uns descem outros sobem, mas o busão continua cheio, lotado.
                No fundo do transporte coletivo os que ali estavam ficam incomodados. Uns se retiraram dali. Foram para frente alguns. Outros resmungavam. E um não resiste e grita: - ei mamãe joga a fralda pela janela!... Ninguém aqui aguenta mais essa catinga de coco de bebê. Tenha dó! E todos caíram na gargalhada. Não havia um que não risse dessa situação hilariante que ficou insuportável, porque o cheiro daquela frauda era horrível e se espalhou por todos os cantos do lotação.
                Os que estavam ali dentro não viam a hora de descer daquele balaio de gato fedorento.
                Essa viagem foi o fim da picada. E pensar que todos os dias aqueles cidadãos têm que tomar uma condução para o seu trabalho! Ninguém merece!

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