terça-feira, 3 de abril de 2012

AS MOCHILAS QUE ESTORVAM

                                           AS MOCHILAS QUE ESTORVAM

                                                      Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
            Elas estão, no ônibus, por todo o lado. Nas costas, ao lado, dependuradas, no chão, encostadas nos ombros do passageiro sentado, no colo de alguém que pediu, gentilmente, para carregá-la.
         O passageiro, portador de uma mochila, passa pela roleta com certa dificuldade. Se estiver um pouco além do peso essa transposição é, às vezes, dramática e até constrangedora.
         A moça carrega a mochila, que na maioria dos casos, é bem grande, cheia de coisas, notebook, pen drive, tablet, garrafinha d`água, cadernos, lenços, e uma quantidade de coisas e coisinhas que pesam e, também, no outro ombro, dependurada, uma bolsa linda, mas imensa e recheada de coisas úteis que só as mulheres transportam: batom, lápis de sobrancelhas, pente, celular, brincos, sapatilhas, e muitas bugigangas, sem falar nos bombons, balas e outras coisas.
         Certo dia, no banco da frente, uma garota portando, além de sua mochila, uma enorme bolsa. Toca um celular. Várias passageiras procuram em suas bolsas de onde vem aquele som que vai aumentando, aumentando, aumentando...
         Aquela moça do banco da frente, fuça sua bolsa, tira quase tudo de lá de dentro e não encontra o seu celular. Procura daqui e dali. O celular para de tocar. Não era o seu, porque um rapaz atendeu, era o dele que tocara.
         Mas aquela moça, inquieta, não se deu por satisfeita e continuou procurando, em sua bolsa, o celular e nada de encontrá-lo. Essa procura insistente e atabalhoada incomodou a vizinha de assento que se prontificou a ajudá-la e pediu a ela o número para discar para o seu aparelho. E assim fez. O celular tocou, a moça continuou procurando nas mil e uma repartições de sua grande bolsa. Nada de celular.
         Lá pelas tantas os demais passageiros próximos à moça apreensivos, porque ela ainda não havia encontrado o seu celular. O telefone parou de tocar. A vizinha, mais uma vez, discou o número e o telefone tocou. Um dos passageiros do lado, vendo aquele alvoroço, deu uma ideia:
            – Ei, procure na mochila!
            Foi um alívio. O celular daquela moça, já desesperada, estava a todo o tempo em sua mochila.
        

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