UM ALVOROÇO DENTRO DO BUSÃO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
O calor escaldante. Dentro do busão a temperatura, suponho, beirava os quarenta graus. Sem ventilador. As janelinhas escancaradas não adiantavam nada. As pessoas derretiam e como de costume, o veículo estava lotado.
De repende, lá no fundo uma gritaria, mulheres subindo nos bancos. Outras pulavam histéricas. Não era nada demais, apenas uma barata, quem sabe incomodada, também, com o calor, resolveu passear por entre os bancos do coletivo.
Um valente pôs fim à balbúrdia. Tirou o sapato e numa pancada certeira estilhaçou a pobre da barata, lambrecando o assento e um grito se ouviu: eco, que nojo!
Ninguém se atrevia a assentar-se naquele banco imundo, embora outro passageiro, tenha feito um limpeza nada muito bem feita, por sinal.
Todos ali por perto, espantados, comentavam o péssimo estado de higiene daquele coletivo.
- Será que esqueceram de fazer uma limpeza básica neste ônibus, a fim de evitar esse tipo de coisas!
- Não é só isso, vejam os furos em alguns bancos e aqui o vidro está quebrado!
- E percebam como o motorista conduz este veículo, parece que transporta animais. Um solavanco a cada instante, além de freadas bruscas. Coitados dos que viajam em pé!
- Ufa! Mais um dia dentro de um transporte coletivo!