sexta-feira, 6 de abril de 2012

CELULAR ENROLADO NUMA FOLHA DE JORNAL



                 CELULAR ENROLADO NUMA FOLHA DE JORNAL


                             Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
    Um simpático velhinho entrou no ônibus, colocou o seu cartão no local apropriado, próximo à roleta, junto ao cobrador, a luzinha verde acendeu e ele passou para o outro lado. Sentou-se num banco amarelo indicado para idosos. Acomodou sua maleta surrada, que parecia muito pesada, em seu colo.
    O ônibus seguia o seu destino e lá pelas tantas, aquele idoso abriu sua maleta e fuçando daqui e dali, aparentava não encontrar o que estava procurando. Então pediu para a passageira que estava ao seu lado para ligar para o seu celular, porque não o estava encontrando.
    A passageira ligou para o número indicado e o celular tocou dentro da maleta daquele senhor inquieto. Ele mais do que depressa foi tirando de dentro de sua maleta tudo, calça, camisa, relógio, lenço, pedaço de pão, caneta, uma cadernetinha, outro lenço cheio de pregas de melecas amareladas, por sinal, bastante usado, uma caixa de fósforos “beija flor”, daquelas antigas, uma binga, uma ratoeira e até, pasmem, uma cueca samba-canção, amarrotada e pelo visto usada e, finalmente, para alívio de todos os que presenciavam aquela cena desconcertante, encontrou o seu tão procurado celular, enrolado em um pedaço sujo de papel de jornal.
    Os passageiros que acompanhavam aquela procura riam, riam a valer, para desapontamento daquele simpático velhinho que expunha sua dentadura, num sorriso amarelo.

Um comentário:

  1. Olá Marco,

    Fátima Nunes Cunha Pereira comentou seu link.

    Fátima escreveu: "Marco Aurélio, a sua crônica me fez lembrar de quando ia a BH com mamãe e Cleide - isso foi há muitos anos - além de tudo que citou, ainda havia a poeira da estrada, em cada parada. Agora, no que se refere ao seu buzão e aos que necessitam usá-lo todos os dias, Deus me livre! Prefiro morar por aqui mesmo e ir ao trabalho a pé. Será que isso acontece até hoje? Adorei essa coisa de desodorante vencido; era exatamnete assim. Você retratou, na íntegra, aquela situação terrível. Parabéns pela crônica, tão bem elaborada! Gosto muito do que escreve e andei visitando seu blog e recordando tanta coisa! Amei aqueles marketings antigos e seus comentários. Abraço."

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